quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Maria

Ela era gorda. Gorda não, peço perdão pela minha falta de delicadeza. Comecemos de novo... Ela era uma rapariga cheínha. É isso cheinha... com curvas. Tinha 24 anos e era do signo sagitário. Alta, de cabelo preto, longo que lhe caiam pelas costas e esvoaçavam naquele vento de outono. Tinha olhos castanhos e usava um sobretudo, um gorro e um cachecol quase a esconder-lhe a cara. Maria, era o seu nome mas todos a tratavam por ''balão'' desde que engordou 100 kg em apenas quatro anos.
Ela não foi sempre cheinha. Pelo contrário. Foi e é uma jovem linda. Foi tão magra como as modelos que aparecem nas revistas de moda como a ''Cosmopolitan'' e a ''Vogue'', tinha andar de uma estrela como aquelas que vemos em Hollywood, tinha um namorado quase noivo que era perfeito... Mas, porque que Maria engordou aqueles malditos 100 kg no espaço de um ano se tinha tudo o que alguém do sexo feminino desejava? Deixou de se cuidar. Deixou de ter respeito pelos alimentos que ingeria, deixou de fazer exercício, tendo uma vida tão sedentário o mais possível. A vida dela começou a ser o sofá da sala em frente à televisão ou ao computador. O namorado farto daquela sua ''nova'' namorada deixou-a o que tornou a situação ainda mais complicada. Comia mais do que o costume e entrava em depressão.
Maria, agora com novas formas no corpo, não se reconhece mais ao espelho e todos os dias pergunta a si própria com os olhos fixados no espelho: ''quem és tu?'' mas, o espelho não dá qualquer resposta e Maria volta a chorar. Porém, Maria não faz nada para alterar a sua vida, apesar de ter perdido o seu corpo esbelto, o seu namorado perfeito e ficado com um andar pesado, Maria, continua todos os dias sentada no mesmo sofá, no mesmo lugar a ver os mesmos programas de televisão como se a sua vida tivesse terminado ali, como tivesse partido aos 20 anos de idade e  fosse impossível voltar...como se fosse um fantasma.