quinta-feira, 6 de junho de 2013

"Este país não é para pobres"

Hoje o dia estava cinzento. Cinzento é uma boa palavra para descrever o dia de hoje e o frio da casa que ficou mais vazia. Hoje Portugal viu mais um dos seus cidadãos deixar o país. Foi às 13h30 que me despedi de mais um familiar. Um familiar que foi obrigado a abandonar o país que o viu nascer. O país que o abandonou. O país que não quer saber dele. O país que...
 Ele é o meu padrinho. Foi embora. Embora. Uma palavra tão difícil de dizer numa hora destas. Foi embora com a esperança de encontrar noutro lugar o que Portugal não pode oferecer. A esperança de uma vida melhor.
A casa que outrora estava cheia de vida. Com tios, primos, avós e netos. Fica vazia. Vazia. Sem vida. Triste. Como os pais que ficaram sozinhos na casa que outrora viam cheia. Tristes por verem o rebento mais novo obrigado a ir embora. Felicidade. Gargalhadas. Discussões. Parece tudo tão distante.
A despedida que se tem tornado um hábito começa a despertar sentimentos. Raiva. Frustração. Tristeza. Ódio. Mil e um sentimentos que me fazem deixar de acreditar neste Portugal. Neste país.
Ele foi embora como tantos outros. Leva no coração a tristeza, a esperança de uma vida melhor mas, sobretudo, a esperança de voltar um dia. Mas será que um dia vai valer a pena voltar? "Este país não é para pobres".