segunda-feira, 6 de junho de 2011

pecadora

Olhou para ela. Mas não era um olhar normal. Não era um olhar de admiração. Não era um olhar sem sentido algum. Os olhos dele olhavam-na como se ela fosse alguma criminosa. Quando os olhos deles se encontraram, ela sentiu um arrepio percorrer-lhe o corpo. Uma angústia passou por ela. Como se ela fosse a má da fita. Como se ela fosse a única pecadora que estava na sala. Como se ela fosse a causadora da inimizade entre eles. Ela, mais uma vez, relembrou-se. Relembrou um passado que queria esquecer. Lembrou-se de conversas. De risos. De palavras. De carinho. Lembrou-se de tudo ao pormenor. Como se tudo aquilo tivesse acontecido ontem. A nostalgia apoderou-se dela. Mais uma vez quem ficava a sofrer era ela. Olhou para ele novamente. E ele continuava a espetar-lhe o olhar como se de duas facas se tratassem. E conseguiu. Mais uma vez o coração dela esmoreceu. Mais uma vez o coração dela deixou-se acordar pelo amor que demorou tanto tempo a adormecer. Mais uma vez lhe doeu a saudade. E quando voltou a olhar para ele, ele já não estava lá. Tinha-lhe virado as costas. Como se fugisse de alguma coisa. E mais uma vez, ela sentiu-se a única pecadora da sala.

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