segunda-feira, 2 de maio de 2011

O convite

Sento-me a teu lado. Um sentar pesado. Envergonhado. Triste. Tento adivinhar o que se passa, mas, tu não respondes às minhas perguntas. Estás calado. Muito calado. Olhas em frente. Como se não tivesses a ver nada. Os teus olhos são vazios como os de um aquário sem qualquer peixe. Pergunto mais uma vez o que se passa. E, mais uma vez, a única resposta que encontro é o silêncio. Constrangedor. Frio. Mortifero. As lágrimas teimam em escorrer-me pela cara. Não deixo. Imploro para que me expliques o que se passa. Mas mais uma vez não dizes nada. Abano-te. Empurro-te. Mas não reages a nada. É então que perco as forças. Sinto o chão a fugir-me entre os pés. As lágrimas que teimavam em cair conseguem escapar-me por entre as pálpebras. Deixaste-me. Mais uma vez. Mas, desta vez, é para sempre. Sempre. Essa palavra que não acreditava, agora tem uma razão de existir. A morte bateu-te à porta. Linda. Esbelta. Maravilhosa. Convidou-te a ir com ela. Tu, como sempre, aceitaste o convite, mas, desta vez, ela levou-te para sempre. A morte.

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